Fala-se muito de crianças curiosas, aquelas que querem saber como funciona, como abre, como fecha, o porquê, como faz, como fez, como chegou até lá, como vai ser desfeito e etc. Todos os atos têm um questionamento e também há uma resposta. Você sabia que essas crianças são chamadas na verdade de crianças investigativas? Não, não é investigativa como um detetive, mas aquelas que querem entender melhor o que lhe foi apresentado.  Para compreendermos melhor essas crianças, vamos começar descobrindo de fato o que significa investigar.

“INVESTIGAR: Examinar com cuidado, com diligência; aplicar-se na avaliação de; perscrutar: investigar a causa do problema.Etimologia (origem da palavra investigar). Do latim investigare”

Conclui-se que, investigar é o ato de dar sentido e função para uma determinada descoberta.

Entender o mundo em que vivemos inicia-se com um longo processo vindo da infância até a fase adulta. Acredito ser uma construção do “nosso mundo” em geral. E mesmo chegando à fase adulta, continuamos no processo de aprendizagem e investigação do meio em que vivemos.

Para trabalhar o ato de investigar na criança, é essencial proporcionar situações em que se faz necessário o uso da investigação para a descoberta da resposta, com informações e experiências, que não são necessariamente vivenciadas em seu cotidiano. No ambiente escolar, o professor (a) procura apresentar situações[1] pelas quais as crianças possam sempre questionar[2], e não algo que lhes dê a resposta pronta, o que também pode-se fazer no ambiente familiar.

“Nos diferentes espaços, nas diferentes salas de uma escola, surgem os mais variados projetos e sequências investigativas! E, desde cedo, se bem mediadas pelos educadores, documentam, levantam saberes, confrontam, verificam suas hipóteses, avaliam, como num processo científico vinculado à prática por toda a Educação Infantil, desde a conquista da fala no “caçula” do maternal até o criterioso pensamento simbólico do veterano!” (Katherine Stravogiannis, 2016)

Quando nos deparamos com uma criança que chamamos de “criança esperta” ficamos impressionados com tudo que ela sabe, mas não  sabemos de onde vem tanto conhecimento e algumas vezes, sobre coisas específicas. Mas é daí que entendemos o significado do processo da investigação e descoberta infantil. A criança quer saber como aconteceu, de onde vem e por que esta lá. E então sem pretensão, ela inicia sua investigação até descobrir uma resposta que a faça entender todo esse processo.

Analisando tudo isso, pensamos que há uma enorme complexidade em todo esse processo, mas não é tão complexo assim. O que é chamado de “aprendizado complexo” chamamos de: processo investigativo de forma espontânea, onde a criança por vontade própria, busca respostas para todos os seus questionamentos referentes ao que lhe está causando tal “curiosidade”.

Quando nós professores (as) registramos e assistimos de perto todo esse processo de investigação e descoberta, também nos surpreendemos e aprendemos com as crianças. Nada é mais bonito do que ver o olhar de uma criança quando descobre algo.

Quem nunca encasquetou[3] com algo e foi atrás afim de sanar todos os seus questionamentos referentes aquilo? Quem nunca “deu um Google”[4] para saber como aconteceu, de onde vem, como se faz ou para que aquilo foi exatamente feito. Por isso afirmo que, a descoberta do mundo em que vivemos, inicia-se na infância e permanece ainda na fase adulta. Já que sempre queremos saber mais sobre as coisas.

Então, que tal quando uma criança iniciar os questionamentos ou como é chamada a fase do: mas por quê? Permitir e lhe proporcionar um ambiente em que ela “sozinha” investigue e descubra todas as respostas?! Quando tudo isso é feito com afeto, compreensão e colaboração a investigação e aprendizagem tornam-se prazerosas, para quem as vivenciem, como também para quem apenas participa do processo.

[1] Situações: combinação ou concorrência de acontecimentos ou circunstâncias em dado momento; conjuntura.

[2] Questionar: pôr em questão; fazer objeção a; controverter, rebater.

[3] Encasquetou: Persuadir, convencer, colocar algo na cabeça.

[4] Deu um Google: Procurar uma informação.

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